Dependências e transtornos mentais
A área da psicopatologia, que trata dos transtornos mentais, é uma área bastante fluida. Em outras palavras, algo considerado um transtorno hoje pode não ser considerado amanhã. Por exemplo, até a década de 1980, consideravam a homossexualidade como um transtorno mental, mas hoje não. E nessa mesma época, comer compulsivamente não era visto como um transtorno mental, mas hoje sim. Por isso mesmo, é complicado rotularmos determinado comportamento como sendo uma doença ou transtorno mental.
As dependências entram justo aí. Atualmente, os manuais de classificação diagnóstica utilizados (DSM-IV e o CID-10) incluem as dependências como transtornos mentais. Porém, elas são complicadas de se identificar por alguns motivos:
As dependências mais comuns são dependências de substâncias e não de comportamentos, assim é mais fácil encontrar alguém viciado em cocaína do que viciado em trabalho ou computador.
- Não existem estudos suficientes para se ter uma estatística confiável de pessoas viciadas em algum comportamento, principalmente porque são poucos que realmente buscam ajuda.
- Alguns pesquisadores só consideram a dependência química e não a psicológica, dificultando reconhecer que é possível se viciar em algum comportamento, como trabalho, jogos ou uso de computador.
Falando de um ponto de vista puramente psicológico ou comportamental e tentando não cair em terminologias técnicas médicas ou psiquiátricas, podemos definir uma dependência, vício ou adicção como sendo:

- Um comportamento que a pessoa tenha na maior parte de seu tempo e pense excessivamente sobre isso quando não está fazendo tal atividade(uma pessoa viciada em trabalho, por exemplo, trabalha a maior parte de seu tempo e pensa em trabalho até nas pouquíssimas horas de folga).
- Um comportamento que provoca sofrimento em outras áreas da vida que não a relacionada ao comportamento em questão (uma pessoa viciada em drogas, por exemplo, não vê o uso das drogas como um problema, mas como uma solução. O problema ocorre quando as drogas atrapalham o trabalho, os relacionamentos, a família, etc.).
- Pode-se dizer que o excesso desse comportamento pode servir para compensar alguma falta em outra área da vida (uma pessoa viciada em cigarro, por exemplo, pode fumar para ajudar a compensar alguma ansiedade ou nervosismo).
É importante percebermos o computador como uma ferramenta e o problema não está com ele e sim com o uso abusivo que podemos fazer dele. E como ferramenta, ele nos oferece diversas facilidades, que podem eventualmente ser o foco da dependência.


A internet, além de trabalho, estudo e jogos, é também bastante usada para manter comunicação com outras pessoas, podendo ser através de emails, mensageiros instantâneos, chats ou redes sociais como o Orkut ou YouTube. Hoje em dia todos os usuários de computador ou internet têm, pelo menos, uma conta de email. Os usuários também, em sua maioria, têm uma conta em algum mensageiro instantâneo, o mais popular deles no Brasil sendo o MSN. E muitos deles também têm um perfil no Orkut onde mantêm conversas com seus contatos e participam de comunidades.
Uso excessivo do computador pode caracterizar dependência?
Pode ser só coincidência, mas tanto quem consome drogas quanto quem usa computador é conhecido como “usuário”. Isso em si não diz nada, mas podemos pensar que, da mesma forma como os usuários de drogas, usuários de computador e internet podem se viciar nesses diferentes usos do computador e da internet.

A primeira coisa que devemos perguntar é: o uso do computador está interferindo em outras áreas da vida? Talvez uma pessoa use o computador até altas horas da madrugada e por isso não consegue acordar a tempo para o trabalho. Talvez uma pessoa se comunique mais com seus amigos via MSN e Orkut ao invés de pessoalmente e muitas vezes evita contatos sociais a favor de contatos virtuais. Talvez uma pessoa trabalhe oito horas por dia com o computador, passe mais 6 horas em casa no computador e outras várias horas do dia acessa a internet a partir do celular.
Porém, é importante perceber que nem sempre um uso aparentemente excessivo do computador pode caracterizar dependência. Um técnico em informática ou um web-designer freelancer muitas vezes precisa passar várias horas por dia trabalhando na frente do computador, até altas horas da noite, inclusive finais de semana ou feriados. Mas isso é trabalho e corresponde a apenas um aspecto de sua vida. Existem outras que devemos prestar atenção também.

O principal critério para identificarmos algum transtorno é o sofrimento. Para podermos caracterizar uma dependência de computador ou internet é preciso que o usuário tenha algum tipo de sofrimento direto ou indireto relacionado ao computador durante bastante tempo, como alguns meses. E a pessoa também tem que sentir grande dificuldade em se livrar desse hábito. Se esse for o caso, se a pessoa achar que há alguma coisa errada em sua vida devido ao fato de ela usar bastante o computador, podemos pensar que ela é viciada em computador, informática ou internet.
E o que fazer?

Todo vício pode ser combatido, inclusive o de computador. Mas é importante lembrar que a pessoa que é viciada precisa antes de tudo reconhecer o seu problema e querer buscar ajuda. Esse processo, porém, pode demorar e o apoio de amigos e familiares é extremamente importante nestes casos. Também é importante encontrar força para reconhecer o problema e coragem para querer mudar.
Esse artigo esclareceu o que é o vício por computador? Você conhece alguém que é viciado em computador? Deixe seu comentário e ajude a outros leitores com suas experiências.
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